Uma das frases mais batidas do capitalismo que nos une e tanto nos separa é: “não há almoços grátis”. E tem sido esse o grande mote da governação “socialista” que, por artes mágicas, parece que dá quando, na verdade, tira. Caso flagrante desta vil tendência são os livros “gratuitos” escolares.
É verdade que para muitas famílias veio, e como, aliviar o orçamento escolar, mas, o reverso da medalha não pode ser desconsiderado: aumento stressante das horas de trabalho das funcionárias escolares sem compensação à altura; caos nas papelarias e nas vidas domésticas; subida mais que acentuada nos preços dos livros “sem voucher”, em especial nos que não são recicláveis, i.e., os livros de fichas. Também o critério para aceder aos livros grátis é, por vezes, desgastante.
Os estudantes têm agora a preocupação e o trabalho acrescido de tudo transcrever para os seus cadernos, perdendo tempo precioso de aprendizagem, e, por falar em desgaste, qualquer livro tem o seu tempo de vida útil, e, muitas vezes, já não reúne as condições para ser trocado, ficando o ónus da troca a cargo dos pais. Ou então, calhar receber um livro que faz a vezes da antiga fava do bolo-rei, um livro já em período final de vida, a pedir “eutanásia” que será paga, lá está, pelos suspeitos do costume.
Na minha opinião, os livros antigos deveriam ser reciclados e dados livros novos a sério todos os anos porque isso é possível fazer industrial e logisticamente e, assim, os alunos poderiam trabalhar e usufruir mais dos seus livros em vez de os andarem a “estimar” de uma forma, por vezes absurda. Tal como outros benefícios, o programa MEGA deveria ser atribuído apenas a famílias que dele necessitassem. Ainda na semana passada, encontrei 12 livros (a estrear) do 7.º ano no lixo/reciclagem do papelão. Quem os deitou assim devia pagar multa ou ser para sempre banido do MEGA. Do mal o menos, ou ficam para o meu filho para o ano, ou para ação social para quem precise e dê valor à maior conquista de abril: a educação.