O Baú das Memórias, em Alfeizerão, tem sido, por estes dias, o ponto de encontro de cerca de duas dezenas de “jovens”, que pretendem “aquecer” o próximo Natal dos utentes do lar residencial da Santa Casa da Misericórdia de Alfeizerão, através do projeto “Tricotar & Conversar“.
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Desde o passado mês de setembro, e uma vez por semana, o grupo de voluntários reúne-se naquele espaço cultural, situado no centro da vila, para dar asas à imaginação e, em simultâneo, matar saudades de outros tempos em que a “malharia” era uma atividade frequente e também promover o convívio social.
A ideia partiu de Eugénia Kol, fotógrafa inglesa residente em São Martinho do Porto, que, “desafiada” pelo presidente da Junta de Alfeizerão, passou da teoria à prática. “Na sequência de uma fase em que fiquei responsável pelas exposições no piso inferior do Baú das Memórias, o presidente da Junta de Alfeizerão [Leonel Ribeiro] desafiou-me a dinamizar projetos que pudessem juntar a comunidade local e não apenas os visitantes. Aceitei a ideia e decidi avançar com esta iniciativa designada ‘tricotar e conversar’”, explicou.
Mas quais são, afinal, os grandes objetivos deste projeto? “São vários. Antes de mais, promovemos momentos de partilha entre a população”, responde. Depois disso, pretende-se “reavivar de memórias em redor desta paixão que é a malharia”. E, além disso, há também a questão da saúde mental, o combate ao isolamento e ao sedentarismo. “Estes momentos permitem tudo isso. Para terminar, temos ainda de juntar a questão solidária, uma vez que estamos a fazer mantas para o inverno e que no Natal vamos oferecer aos idosos do lar de Alfeizerão”, acrescenta.
O objetivo do projeto passa por criar uma “matinha tricotada para colocar sobre as pernas, gravadas com as iniciais do nome de cada residente do lar da Santa Casa”. Nesse sentido, o desafio é trabalhar 4 mil quadrinhos até ao próximo dia 20 de dezembro, para que, nessa data, estejam completas as 80 mantas.
Todo o material envolvido nesta iniciativa é custeado por Eugénia Kol, a impulsionadora do projeto, que se prontificou a garantir essa questão.
Enquanto a “equipa de produção” continuava o trabalho, o REGIÃO DE CISTER falou com uma das crocheteiras. “Isto é muito bom. Faz-nos bem à alma. E, além disso, permite-nos também matarmos saudades do crochê”, afirmou, de pronto, Etelvina Marques, de 85 anos.
Também Astrid Micheel, alemã, de 54 anos, e uma das estrangeiras que integra este grupo, falou numa “terapia”. “É muito bom para a saúde mental. Quando era criança já fazia crochê e agora tenho o prazer de voltar a fazer. É fantástico”, assinalou esta residente em… Ourém.
A “maratona” do “Tricotar & Conversar” prossegue nos dias 25 de outubro, 8 e 29 de novembro e a 6 e a 20 de dezembro, sempre entre as 14 e as 16, no Baú das Memórias, onde também se escreve história(s).