Uma das maiores curiosidades do nosso país, é ele se pequeno em dimensão, mas grande em contrastes.
Mesmo aqui, em Alcobaça, eles são muitos. Que o digam quem estende a roupa ao fim da tarde, porque “hoje já não chove”, mas depois, ao acordar fica com a cabeça toda molhada do humor grosso da chuva que cai marquise dentro, enquanto nós mandamos a roupa ao calhas para os tabuleiros, lamentando o tempo perdido.
Ou então, na diferença entre uma cidade que é “calminha” o ano todo, mas que enlouquece, no bom sentido, nos seus Carnavais e São Bernardo, e onde, “ninguém dorme”, mesmo que queira ou que precise. E, finalmente, na quase esquizofrenia do não parar nas passadeiras ou no mandar vir no trânsito, e o sorriso hospitaleiro ao sol das esplanadas do Rossio, perante a juventude que passa.
Mas, também no falar (a cantar) se vê essas diferenças. De onde venho é “futebol humano”, aqui é “futebol sem bola”. A meros 100 km para Sul é ténis, aqui já é sapatilhas; ou então, “alhinho jogador ou jogar ao alho” e, aqui, é “cá vai alho”, apesar de nos mandarmos todos para as costas uns dos outros à mesma. E, se aqui é menino ou mulher, na Brandoa é chavalo, chavala, chabeco, e se chamar “ó mulher” a alguém…bem pode ser que se entorne o caldo de vez.
Aprender e viver estas coisas, palavras e atitudes, é como começar a ter chave de casa e saber abrir a porta do nosso lar.
Ainda me perco em Alcobaça. Ele é cabeço disto, cabeço daquilo. E sem o GPS interior dos Alcobacenses, às vezes fico confuso. Mas, ainda há quem me dê algum do seu tempo para me meter no caminho certo.