Foi notório o ano passado, e a intensidade não diminuiu em 2025, que Alcobaça, através da sua edilidade, está a arregaçar as mangas. Benditos ciclos eleitorais, digo eu, tentando com que a política não manche em demasia os meus textos. Até, porque a mim, nesta altura do campeonato, interessam-me mais os fins que os meios. O mundo joga connosco, e nós temos de corresponder ou morrer de estúpidos.
A inauguração do Panorama, a pintura e arranjo das estradas e parqueamentos urbanos, trabalhos no rio, e o apoio continuado (e mais que merecido) ao Armazém das Artes, são alguns exemplos positivos. Com certeza que não se conseguirão satisfazer todas as necessidades e alimentar todas as bocas, mas são iniciativas destas que, talvez e assim o espero, contribuam para a solução do problema evidente da nossa cidade: ter-se tornado a irmã do meio da Nazaré e das Caldas, localidades que competem diretamente connosco na região Oeste.
Basta ir à rua ou tomar um café ao rossio, e abrir os olhos e os ouvidos para perceber que os turistas que vêm ao Mosteiro, quando muito vão fazer xixi à Ala Sul, mas estão, na verdade sempre numa rotação que provém de ir rezar Fátima (que “só” tem mesmo uma mais-valia, o culto mariano) e ala para a Nazaré ver as ondas e comer marisco à beira-mar.
Alcobaça isolou-se. Faltam transportes, estamos dependentes do carro e reféns das portagens da A8, e os mais novos da boleia dos pais para verem algum mundo para além do YourSpace ou Burger King. Apesar de todos os avanços, falta programação cultural contínua e investimento em coisas que tragam pessoas a Alcobaça, fora da temporada das festas. Falta fazer neste campo, o que o Montebelo fez pela hotelaria. Tarda a ciclovia numa terra de ciclistas e, acima de tudo, falta incentivar o setor imobiliário e reduzir mais o IMI para fixar e aliciar mais habitantes para a cidade.
Porque Alcobaça tem tudo, mas terá um plano? Esperemos que sim e que o possamos juntos executar e descobrir.