Acredito que o mundo é sempre só o nosso mundo, o dos outros não é igual porque não o conseguem ver desde o mesmo sítio onde nos encontramos
Susana Santos
Sim, podemos tornar bonitos os sítios que habitamos.
Ou então não, se escolhermos ignorar o que nos rodeia, evitar olhar para quem está à nossa volta e não ver o que somos ou no que nos tornámos.
Podemos tudo isto e temos o poder de fazer o seu contrário. Trata-se de mudar o mundo ou desistir dele e de nós.
Acredito que o mundo é sempre só o nosso mundo, o dos outros não é igual porque não o conseguem ver desde o mesmo sítio onde nos encontramos. A perspectiva de cada um é diferente, a paisagem também e os contornos das pessoas que nos rodeiam têm outros ângulos. Tal como numa aula de pintura em que os alunos dispostos em círculo desenham um modelo vivo e no fim obtêm esboços completamente diferentes, também nós, no nosso mundo, na nossa vida, temos a possibilidade de reproduzir e de desenhar os modelos que observamos e que são, enquanto vivermos, todo o nosso mundo. É dentro da perspectiva que nos cabe observar que temos a possibilidade de criar a nossa obra, tornando o nosso mundo menos árido se acrescentarmos uma árvore, mais solidário, se juntarmos cor e mais alegre se destacarmos o sorriso.
Bem sei que “não temos nas nossas mãos a solução para todos os problemas do mundo, mas diante de todos os problemas do mundo, temos as nossas mãos”, como disse Schiller, no séc. XVIII, e talvez por isso lhe tenham chamado romântico. Talvez por isso tanta gente goze com os românticos. Mas entre a ausência de esperança e a fé na nossa capacidade criar um mundo melhor, nem que seja melhorando apenas os esquissos que saem das nossas mãos, prefiro a segunda via, que é a de quem ainda acredita nos artistas e nos poetas.