Sempre gostei de pedras. Sejam as da Serra dos Candeeiros, que calcorreei vezes sem conta em intermináveis passeios com o meu avô, sejam as pedras assinadas do nosso Mosteiro.
As pedras contam-nos muitas histórias, falam-nos de um passado com muitas idades. Fomos civilizados, deixámos de ser e voltamos a sê-lo… vezes sem conta. E de todas as vezes que assim foi, deixámos gravados na pedra os vestígios da nossa brutalidade ou da nossa grandeza.
Mas as pedras não têm só esse dom de nos falar do passado. Também nos definem no presente e são uma promessa de futuro. Para que as possamos interpretar e aprender com elas, devemos respeitá-las, garantir-lhes a perenidade e, se possível, acrescentá-las.
O Mosteiro de Cós é um exemplo deste sortilégio das pedras. Não sou historiadora, mas sei que a sua origem se situa pelo século XIII, que foi ampliado pelo XVII e ornamentado mais tarde. Sabemos que foi depois destruído, esventrado, espoliado. Em boa hora se promete agora um novo recomeço, com obras para o futuro.
Em Alcobaça também. O nosso Mosteiro exibe nas suas pedras as marcas de várias épocas, de diferentes estéticas e possibilidades do reino e do clero e também ali a promessa de um claustro renovado traz bons augúrios.
No futuro, quando se olhar o nosso tempo, que dirão de nós as pedras que agora nos contemplam?