O ódio chegou à cidade
A Revolução de 25 de abril resolveu muitas questões, entre as quais a Saúde, a Educação, a Democracia, a Guerra Colonial. Porém, deixou de lado os deserdados da sorte, mesmo que fossem bons
Gaspar Vaz
No meu tempo, as ideias dominantes eram “Love & Peace”, aprendidas em festivais como o mítico Woodtstock. As minhas referências, por obra de uma educação em instituição católica, eram mais cool, conservadoras: Saint-Exupéry, Rabindranath Tagore, Bergson, Michel Quoiste…. Noutros domínios, descobríamos Althousser, Pessoa, Fernando Namora e,...
Uma fotografia apressada em tempos de férias
Decidimos ir, nas férias deste ano, aos territórios de Bach, a Turíngia e a Saxónia. Acho que fizemos bem: descobrimos tesouros como Dresden (que não são parte de Bach, mas é uma cidade a descobrir, também por motivos musicais), Leipzig, Weimar, Erfurt (um território dos Bach, mas não de Johann Sebastian), Arnstadt, Mühlhausen, Eisenach… Havia, porém, outros interesses: Bamberg (em revisita), Bayreuth, por causa do Wagner, e, já na Chéquia, Karlóvy Vary e Praga.
Devo dizer que não esperava...
Tudo deve mudar para que tudo fique na mesma
Esta famosa frase de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, proferida pelo Príncipe de Falconeri, no romance “O Leopardo”, bem poderia aplicar-se ao que está a acontecer...
A Zinha
Depois de ver o lembrete, sempre amável, da diretora deste jornal, vi, na mesma plataforma, uma mensagem de alguém que já não via há mais...
Miga ou Maga? Basta um boné
Há muitos anos, eu julgava o mundo numa base maniqueísta: o que viesse dos EUA era bom, o que viesse da URSS era mau. Rezei...
E agora, José? Na ressaca das últimas eleições
Creio que sempre acreditei, com pequenas variações, nas mesmas causas que agora defendo. Sempre acreditei na propriedade privada, mas com reservas.
Gaspar Vaz
Já várias vezes convoquei...
Peregrinar em segurança
Ao observar a quantidade de peregrinos que percorrem, especialmente a EN8, acredito que a construção de um caminho protegido seria uma boa ideia.
Gaspar Vaz
Estas considerações...
Voando sobre a tristeza destes dias
O jovem oftalmologista, para além de transmitir confiança e atenção às minhas queixas, era afável, tratou-me pelo nome, fez-me sentir gente.
Gaspar Vaz
Tenho andado descrente e...
Perplexidades trumpistas
O que está feito esta feito e é, em si mesmo, uma barbárie, sem aspas, só possível numa configuração infeliz de uma infeliz história mundial...
Educação em Portugal – II
A Europa perdeu importância estratégica, os “motores europeus” (Alemanha e França) dão sinais de fraqueza.
Gaspar Vaz
Sempre levei muito a sério estudos comparativos sobre a...
Os donos do mundo e os seus joguetes
Há cerca de um século, um autor, hoje, quase desconhecido (Oswald Spengler), publicou uma obra que se tornaria leitura obrigatória em cursos em que se abordasse Filosofia da História; chamava-se a obra O Declínio do Ocidente. Do pouco que me ficou de tal leitura, retenho a ideia de que a Europa (e, por extensão, o Ocidente) tinha terminado, em...
E agora, José?
Em 1942, um dos maiores poetas da língua portuguesa, o brasileiro Carlos Drummond de Andrade, escreveu “José”, um dos seus muitos geniais poemas:
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Este poema (de que a parte citada é apenas...
Vitorino, o “Príncipe do Redondo” em Alcobaça
Era uma vez uma menina cega chamada Ana Isa. Um dia, vá lá saber-se porquê, mas é, de certeza, coisa de quem apenas vê com o coração, a Ana Isa descobriu o Vitorino, sim, esse mesmo, um dos nomes maiores da música popular portuguesa, com aspeto de distante, para não dizer coisa menos simpática, mas é assim que nascem...
A tentação da última palavra (ou sobre a mistificação do “Polígrafo”)
A investigação da verdade, a vontade de ler o pensamento alheio, para o controlar deve ser tão antiga como a humanidade. Com o advento da ciência, esta também quis, e quer, dar uma palavra sobre o assunto. E nasceu, assim, o polígrafo: quando uma pessoa é questionada, uma série de cabos e sensores examinam os batimentos cardíacos, a pressão...
In Illo Tempore: Páscoa feliz.
Devo dizer que, como ex-católico tradicional, formado, em grande parte, num seminário de Braga, sempre me identifiquei mais com o Natal do que com a Páscoa. No entanto, sempre percebi que o âmago dos mistérios religiosos estava na Páscoa. Talvez por isso, enquanto que, no Natal, chegava a casa dos meus pais por volta de 18 de dezembro, na...
Lições da pandemia (III)
“Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.”
(Álvaro de Campos, Poema em linha reta)
Se eu fosse ministro da Saúde, se, por impensável, me restasse algum tempo livre, pensaria em reescrever este poema de Álvaro de Campos, se o génio me visitasse por engano. E, tal como ele, “invejaria” aqueles que nunca erram, aqueles...
Lições da pandemia (II) O Imperativo categórico da compreensão
Comecei a escrever este texto em modo de zangado, desancando em quem se acha “herói” nesta situação, de contornos épicos, em que um vírus nos colocou. Já ia na terceira enumeração de falsos heróis quando me dei conta do desaforo que estava a promover. De facto, para desgraça, basta-nos a realidade; não é necessário comentário que a potencie.
Assim, em...
Lições da pandemia
As épocas de crise não são absolutamente más, embora, intrinsecamente, o sejam. Pelo seu dramatismo, lançam luz sobre domínios nunca pensados – ou pensados displicentemente. Há mais de 200 anos (em 1816), Napoleão, uma personagem de luz e de sombras, afirmou que a China não estava, como parecia estar na altura, votada ao declínio inexorável. E, como súmula do...
AD Footer




